A PLATAFORMIZAÇÃO DO TRABALHO JORNALÍSTICO: DIMENSÕES, REGIME DE PUBLICAÇÃO E AGENDA DE PESQUISA
Resumen
O artigo propõe olhar para a centralidade do processo de plataformização do trabalho jornalístico para compreender as diferentes facetas do trabalho na área de comunicação no século XXI, em virtude da crescente dependência de plataformas digitais em relação às atividades de trabalho em um contexto de reestruturação do modo de produção capitalista, marcado, sobretudo, pela forma de acumulação flexível. Para tanto, propõe discussões sobre: a) o processo de plataformização do trabalho, suas implicações e a centralidade da comunicação; b) as relações entre a plataformização e as empresas de comunicação; c) como a plataformização afeta de maneiras distintas organizações de mídia dominantes e arranjos jornalísticos alternativos; d) as mudanças no regime de publicação, especificamente nos arranjos alternativos, como uma das dimensões da plataformização do trabalho jornalístico; e) outras dimensões possíveis para a construção de uma agenda de pesquisa na área, cujas investigações podem se dedicar à plataformização do trabalho freelancer, ao papel da moderação comercial de conteúdo e às plataformas de fazenda de clique, além de possibilidades de construção de organizações de trabalhadores-jornalistas neste contexto. O texto tem por base empírica pesquisa desenvolvida pelo Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) sobre o trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às grandes corporações de mídia.
Palabras clave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.62174/avatares.2021.6320
Referencias
Abílio, L. C.. (2020). Uberização: a era do trabalhador just-in-time?. Estudos Avançados, 34(98), 111-126. Epub May 08, 2020.https://dx.doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.008
Antunes, R. (org.) (2020). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo.
____________________. (2009). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.
Arriagada, A., & Ibañez, F. (2020). “You Need At Least One Picture Daily, if Not, You're Dead”: Content Creators and Platform Evolution in the Social Media Ecology. Big Data & Society. Online First.
Bakhtin, M. (2016). Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34.
___________________. (1998). Questões de literatura e de estética – A teoria do romance. São Paulo: Hucitec/Annablume.
Bell, et. al. (2017). A imprensa nas plataformas: como o Vale do Silício reestruturou o jornalismo. In: Revista de Jornalismo ESPM. São Paulo, N. 20. Ano 6. Jul./Dez..
Braga, J. L. (2020). Uma conversa sobre dispositivos. Belo Horizonte: PPGCOM-UFMG.
Casilli, A. (2019). En Attendant Les Robots: enquête sur le travail du clic. Paris: Seuil.
Chartier, R. (1999). A ordem dos livros: autores, leitores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. Brasília: EdUnB.
Cohen, N. & De Peuter, G. (2018). “I work at Vice Canada and I need a union. Labour Under Attack. Nova Escócia: Fernwood, 2018, p. 114-128.
Cohen, N. & De Peuter, G. (2020). Cohen, N. & De Peuter, G. (2020). New Media Unions: organizing digital journalists. New York: Routledge.
Dardot, P; Laval, C. (2016). A nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo.
Davis, M. & Xiao, J. (2021). De-Westernizing Platform Studies: History and Logics of Chinese and US Platforms. Internetional Journal of Communication. V. 15.
Dias, C. (2018). Análise do discurso digital: sobre o arquivo e constituição do corpus. In Estudos linguísticos, São Paulo, 44 (3): p. 972-980, set.-dez.
Fairwork (2020). Fairwork 2020 Annual Report. Oxford, United Kingdom
Fígaro, R. (2018). As relações de comunicação e as condições de produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia. São Paulo: ECA-USP.
_________________ (2008). As relações de comunicação no mundo do trabalho. São Paulo: AnnaBlume.
Fígaro, R. & Mauro, R. (2018). O dispositivo comunicacional nas mídias digitais: um estudo sobre páginas e grupos do Facebook. In Revista Interin, Vol. 23. N. 2, 90-115.
Fígaro, R. & Grohmann, R. (2017). Dispositivos comunicacionais no mundo do trabalho: uma revisão teórica para operacionalizar o conceito. In Comunicação & Inovação, PPGCOM/USCS, V. 18, N. 38, 62–75, set./dez.
Fígaro, R; Nonato, C; Grohmann, R (2013). As mudanças no mundo do trabalho dos jornalistas. São Paulo: Salta.
Grohmann, R. (2012). Os Discursos dos Jornalistas Freelancers sobre o Trabalho: comunicação, mediações e recepção. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP.
Grohmann, R. (2020). Plataformização do trabalho: entre dataficação, financeirização e racionalidade neoliberal. In Eptic. V. 22, N. 1.
Grohmann, R. & Qiu, J. (2020). Contextualizando o trabalho em plataformas. In Contracampo, Niterói, V. 39, N. 1, Introdução, abr./jul.
Grohmann, R. & Araújo, W. (no prelo). Beyond Mechanical Turk: the work of Brazilians on AI platforms. In: Verdegen, P. (org.). AI for Everyone? Critical Perspectives. London: University of Westminster Press.
Grohmann, R., Nonato, C., Marques, A., & Acosta, C.. (no prelo). As Estratégias de Comunicação das Plataformas: discursos de empresas de entrega e transporte no Brasil. Comunicação & Sociedade.
Harvey, D. (1992). A condição pós-moderna. São Paulo: Editora Loyola.
Jurno, A. (2020). Facebook e a plataformização do jornalismo : uma cartografia das disputas, parcerias e controvérsias entre 2014 e 2019. Tese de Doutorado. Belo Horizonte: UFMG.
Kanyat, L. Trabalho como mediação da comunicação: uma reflexão teórica sobre o binômio comunicação-trabalho e os estudos de recepção. In Novos Olhares, V. 5, N. 1, 69 – 78, 1º sem. 2016. DOI: 10.11606/issn.2238-7714.no.2016.112224.
Karatzogianni, A., Codagnone, C., & Matthews, J. (2018). Platform Economics: Rhetoric and Reality in the "Sharing Economy". London: Emerald.
Lindquist, J. (2018). Illicit Economies of the Internet: Click Farming in Indonesia and Beyond. Made in China Journal.
Maingueneau, D. (2001). Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez.
Marques, A. (2019). A redação virtual e as rotinas produtivas nos novos arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP.
Marques, A. F.; Camargo, C. A.; Moliani J. A. (2019). A produção noticiosa dos novos arranjos de trabalho dos jornalistas: análise das ferramentas de coleta Netlytic e NVivo. In Anais do 17o SBPjor. Coordenadas Retij.
Marx, K. (2014). Capital: crítica da economia política: livro II; São Paulo: Boitempo.
Moliani, J. A. (2020). O trabalho em agências de comunicação: processos produtivos e densificação da atividade no jornalismo de rabo preso com o cliente. (Tese não publicada). Escola de Comunicações e Artes (PPGCOM/ECA), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
Napoli, P. & Caplan, R. (2018). Por que empresas de mídia insistem que não são empresas de mídia, por que estão erradas e por que isso importa. Parágrafo. V. 6, n. 1.
Nonato, C; Pachi Filho, F. F; Silva, N. R. (2019). O trabalho de jornalistas em arranjos econômicos independentes: uma interpretação a partir dos rastros digitais. In Anais da 17o SBPjor. Coordenadas Retij.
Oliveira, M et. al. (2020). Conceito e crítica das plataformas digitais de trabalho. In Revista Direito e Práxis. Rio de Janeiro, V. 11, N. 4, 2609-2634. Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2021.
Ong, J. & Cabanes, J. (2019). When disinformation studies meets production studies: Social identities and moral justifications in the political trolling industry. International Journal of Communication. V. 13
Palacios, M. & Machado, E. (2003). Modelos de jornalismo digital. Salvador: Calandra.
Poell, T., Nieborg, D., & Van Dijck, J. (2020). Plataformização. Fronteiras - Estudos Midiáticos. V. 20, n. 1.
Qiu, J.; Gregg, M. & Crawford, K. (2014). Circuits of labour: A labour theory of the iPhone era. tripleC. V. 12, n. 2.
Rebechi, C. N.; Pinto, G. A. (2020). Da lean manufacturing à smart factory: a comunicação nos processos de organização do trabalho no capitalismo contemporâneo. In Contracampo, Niterói, V. 39, N. 1, 84-100, abr./jul.
Roberts, S. (2019). Behind the Screen: Content Moderation in the Shadows of Social Media. New Haven: Yale University Press.
Sandoval, M. (2017). Enfrentando a Precariedade com Cooperação: cooperativas de trabalhadores no setor cultural. Parágrafo. V. 5, n. 1.
Scholz, T. (2017). Cooperativismo de Plataforma. São Paulo: Autonomia Literária/ Fundação Rosa Luxemburgo.
Schor, J., Attwood-Charles, W., Cansoy, M., Ladegaard, I., Wengronowitz, R. (2020). Dependence and precarity in the platform economy. Theory and Society. V. 49, p. 833-861.
Slee, T. (2017). Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Elefante
Srnicek, N. (2018). Capitalismo de plataformas. Buenos Aires: Caja Negra Editora.
Stefano, V. (2015). The rise of the just-in-time workforce: On-demand work, crowdwork, and labor protection in the gig-economy. Comparative Labor Law and Policy Journal. V. 471.
Van Dijck, J. (2020). Seeing the forest for the trees: Visualizing platformization and its governance. New Media & Society. Online First.
Van Dijck, J; Poell, T. & De Wall, M. (2018). The platform society. New York: Oxford University.
Zuboff, S. (2018). Big Other: capitalismo de vigilância e perspectivas para uma civilização de informação. In Bruno, F, et al. Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo.
Enlaces refback
- No hay ningún enlace refback.
Estadísticas
Visitas al Resumen:1486
PDF:812
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-CompartirIgual 4.0 Internacional.
Esta obra está licenciada bajo una licencia de atribución Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0 Internacional.
Avatares de la Comunicación y la Cultura. ISSN 1853-5925 (en línea). Carrera de Ciencias de la Comunicación de la Facultad de Ciencias Sociales UBA, Santiago del Estero 1029 – 1º Piso, C.A.B.A., Argentina. Tel 54 11 4305-6087 Interno 114 www.comunicacion.sociales.uba.ar avatares@sociales.uba.ar
Esta revista se encuentra registrada en: