Um olhar crítico sobre as repercussões urbanas das políticas de distritos criativos. // Una mirada crítica de las repercusiones urbanas de los distritos creativos.
Resumen
O universo dos debates sobre políticas públicas é ocasionalmente capturado por modas intelectuais que se pretendem soluções universais e inovadoras para os problemas que afligem as metrópoles. Esses modelos de política pública circulam com notável fluidez entre as redes de interação que aproximam profissionais do planejamento regional e urbano, formuladores de políticas públicas, políticos, consultores e acadêmicos, muitas vezes exercendo um poder de sedução que embaça a visão destes profissionais, e da sociedade mais ampla, diante das insuficiências e riscos que lhes são inerentes. Nos últimos anos, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, ganhou repercussão um modelo de política urbana e regional assentado na ideia de promover cidades que acolham e fomentem a criatividade, vista como espinha dorsal da competitividade na nova economia do conhecimento que emergiu das ruínas do capitalismo fordista. Trata-se de uma política que se anuncia, primordialmente, como política econômica: na atual economia globalizada, as cidades bem-sucedidas em criar empregos e gerar renda seriam aquelas que conseguem atrair ou fomentar endogenamente os setores econômicos associados à criatividade, como design, moda, publicidade e marketing, produção editorial, artes e cultura, etc. No entanto, a política encerra também uma dimensão eminentemente espacial e urbana, na medida em que prescreve intervenções no ambiente construído urbano como requisito imprescindível para atrair estas atividades e setores, cujo bom desempenho se nutre da proximidade espacial. Daí que as políticas inspiradas na ideia de cidades criativas devam ser igualmente apreciadas em sua condição de políticas urbanas, pois sua implementação afeta a distribuição dos usos do solo urbano, modifica os preços dos terrenos e imóveis, promove a atividade de construção e incorporação imobiliária e, quando bem-sucedidas do ponto de vista de seus objetivos, redistribui atividades econômicas e grupos sociais no interior do tecido metropolitano.
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Quid16. Revista del Área de Estudios Urbanos. ISSN: 2250-4060.
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